“Quando só a força não é o bastante”
01/05/2015
Artigo técnico esclarece aspectos interessantes a respeito das habilidades motoras.
“Estou bem condicionado e você?”. Depende – eu responderia a um amigo que me encontrou um dia desses. E a resposta que parecia ambígua, começou a fazer sentido: uma das premissas mais importantes na avaliação das capacidades físicas é a ESPECIFICIDADE. E isso explica porque algumas pessoas “tiram de letra” algumas tarefas e, literalmente, sentem-se incapazes para outras. Bons exemplos, são os estivadores, cuja maior parte dos trabalhos envolve força.
Em 2010, um estudo da Universidade Federal do Rio Grande/RS mapeou os principais aspectos que envolviam a saúde de trabalharores portuários no extremo sul do país. Anos antes (2005), os operários do Porto de Mucuripe/CE foram objeto de uma ampla investigação sobre os riscos da profissão. E frequentemente o perfil dos indivíduos avaliados apontava baixa aptidão cardiovascular.
À margem dos demais aspectos abordados nestes importantes trabalhos acadêmicos, observamos – na prática – como indivíduos podem ser fortes e, ao mesmo tempo, mal condicionados sob o ponto de vista aeróbico. E a explicação para isso está na relação entre as capacidades físicas do ser humano. São elas: FORÇA, RESISTÊNCIA, FLEXIBILIDADE, RITMO, EQUILÍBRIO, AGILIDADE E COORDENAÇÃO.
Ocorre que, as capacidades físicas são treináveis, ou seja, podem ser aprimoradas. Em outras palavras, “luz no final do túnel” aos que se julgam descoordenados por natureza: a coordenação motora é uma capacidade física que pode ser melhorada com o treinamento. E o inverso também é verdade. Submeter-se ao treinamento intenso de uma determinada capacidade, não garante o bom desempenho de outra. É por isso que um halterofilista geralmente não apresenta expressivo desempenho nas piscinas; e uma bailarina, na maioria das vezes, não se destaca nos testes de força.
E quando o assunto é qualidade de vida, o raciocínio é parecido – só que em proporções menores. Basta pensarmos num cidadão comum, cujas prioridades são o trabalho e a família. Um bom condicionamento geral para ele significa musculos mais fortes – mas não como os de um halterofilista; significa mais flexibilidade – mas não como de uma bailarina; mais aptidão cardiovascular – mas não como a de um exímio nadador, e assim por diante. Em última análise, esse cidadão cumum precisa de “um pouco de tudo”.
Nesse sentido, nada mais justo do que organizarmos a nossa rotina de exercícios contemplando a associação de 2 ou 3 atividades semanais. E olha que não merefiro a 2 horas diárias de malhação. Deixamos isso para os atletas. Cidadãos comuns como eu, você e aquele meu amigo do início do texto, têm outras necessidades. Precisamos de orientação para alguns alongamentos e boa postura, um pouco de atividade aeróbica e um trabalho moderado com halteres. Meia-hora por dia, 7 dias por semana. Bom exercício e divirta-se!
Felipe Borges é graduado em Ed. Física e também tem que fazer sua “lição de casa”:
felipe@chrissports.com.br